segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Resumo de O Jardim das Aflições - Parte VII

O novo império, prometendo uma sociedade de iguais, teve que ocultar a distribuição real básica de poder, isto é a existência das castas dominantes aristocráticas e sacerdotais. Assim, o preço da expansão nomninal dos direitos foi a concentração estúpida do poder por meio do segredo. Olavo, no entanto, observa que as castas ressurgiram mais tarde na forma da classe dos políticos e da burocracia estatal e dos intelectuais e formadores de opinião. Ele passa então a descrever como também, com respeito a essas classes visíveis, houve uma concentração de poder por meio da expansão nominal dos direitos.

Essa concentração de poder obedece um mecanismo muito simples. Para cada direito garantido por lei, é preciso quehaja alguém que tenha o dever de garantir esse direito. A multiplicação dos direitos, portanto, leva à multiplicação de instâncias do Estado que se dedicam a garantir esse direito. E garantir o direito aqui quer dizer: assegurar que a ideologia maçônica imperial ali vigore. Cada minoria que reclama por um direito (ou em nome da qual se reclamam direitos, como as crianças), não pode ter certeza se daí em diante seus membros realmente terão uma vida mais livre. No entanto, ela pode estar assegurada que uma secretaria composta de indivíduos nas mais recentes teses da intelectualidade reinante prontamente surgirá, para fiscalizar a vida e as relações da dita minoria, para assegurar sua liberdade.

As exigências utópicas das minorias, então, longe de desestabilizarem o Estado o complementam, pedindo que ele intervenha de cada vez mais direta na vida dos indivíduos. O que ocorre então é a destruição dos poderes intermediários representativos: em vez do indivíduo ser representado por uma família dentro de uma comunidade dentro de uma cidade etc... até chegar ao estado, cada nível desses representando o inferior e tendo que prestar contas a ele, o indivíduo se encontra diretamente relacionado com a plena potência dos burocratas estatais, que não representam ninguém a não ser seus chefes numa hierarquia real que só termina nos poucos que realmente detém o poder.

Na realidade, embora em um primeiro momento esse processo fortaleça o Estado nacional, ele na realidade conduz ao império global, derrubando até mesmo a mediação que o Estado realiza entre o povo e organizações globais.

O iogue comissário era, sem sabê-lo, um sacerdote do novo império americano. É ele, o poder mundando que busca o poder total, desconhecendo qualquer medida supraterrena, nem mesmo pretendendo ser ele mesmo uma medida supraterrena, que se beneficia com o estreitamento da consciência e o desvio do intelecto. Os homens seguem aqueles aos quais está confiada sua felicidade. Se sua felicidade não se resume à vida terrena então não é só César a quem deve obediência. Caso contrário....

Qual é então a situação contemporânea descrita pelo Jardim das Aflições? Após o final da guerra fria o projeto imperial global se afirma cada vez mais: um projeto de obtenção de poder em escala mundial legitimado pelas grandes massas ocidentais que, não vendo que a realidade tenha qualquer dimensão para além do poder mundano, não conseguem justificar nenhuma norma ao qual esse deve obedecer. Os focos de resistência a esse projeto são justamente os centros onde as tradições religiosas são mantidas vivas e os homens ainda não ensinados a olhar para o alto. No entanto essas mesmas tradições, quando petrificadas em fundamentalismos e dividias pelo sectarismo se tornam peões do plano imperial, que fomenta as divisões para justificar seu olhar laico “imparcial” e para desviar a atenção do perigo real do poder de César.

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